O termo vem de periodonto ( peri = à volta e odontos = dente). A função principal do periodonto é unir o dente ao tecido ósseo dos maxilares.

Portanto esta especialidade trata dos tecidos responsáveis por esta união, a saber: gengiva, ligamento periodontal, osso alveolar e cemento radicular.

 

A  gengiva é a parte de mucosa oral que recobre o osso no qual está inserido o dente, e portanto apresenta-se em torno do dente.

 

O  ligamento periodontal, reveste a raíz do dente e estabelece a união deste com o osso alveolar (porção do osso dos maxilares responsável por suportar o dente).

Portanto, numa situação normal o dente não está directamente ligado ao osso dos maxilares, existindo entre estes, um ligamento com uma espessura aproximada de 0.25 mm, possibilitando a distribuição e absorção de forças que são produzidas quando mastigamos ou apertamos os dentes uns contra os outros.

Porque este ligamento é irrigado por vasos sanguíneos e enervado por terminações nervosas, recebemos um sinal de dor quando excedemos a força suportável por este sistema de mastigação.

O ligamento periodontal é também essencial para a movimentação dos dentes, como por exemplo, quando usamos aparelhos para deslocar dentes para uma posição diferente da inicial.

 

O osso alveolar  é formado durante a erupção dentária e suporta o dente durante a sua existência.

Quando o dente é removido o osso no qual este está inserido é reabsorvido porque deixa de ser estimulado, perde função. Por esta razão as pessoas desdentadas têm menos massa óssea nos maxilares e portanto dificuldades adicionais para o suporte e uso de prótese dentária.

 

O Cemento é um tecido específico mineralizado que recobre a superfície das raízes dos dentes.

Tem diversas funções. É nele que se inserem as fibras do ligamento periodontal para estabelecer a ligação osso-dente, também contribuí para a regeneração contínua da raiz durante a vida do dente.

 

DOENÇAS PERIODONTAIS OU PERIODONTITE (vulgo “Piorreia”)

As doenças periodontais são um conjunto de doenças que afetam os tecidos (periodonto) que rodeiam os dentes e os fixam nos maxilares. São doenças de natureza inflamatória e de causa infecciosa, traduzem-se por Infecção crónica causada por bactérias da placa bacteriana ( película transparente e aderente aos dentes), em constante formação.

É predominantemente uma consequência da reacção inflamatória e imunitária em presença de placa bacteriana na boca e dentes, provocando numa primeira fase gengivite (inflamação gengival). Se a gengivite não é tratada esta poderá evoluir para periodontite, com extensão ao osso, destruindo-o de forma irreversível, podendo originar a perda total dos dentes.

Os processos inflamatórios e imunes actuam no tecido gengival com o objectivo de o proteger contra a destruição dos agentes patogénicos, evitando que estes se estendam ou invadam os tecidos. Em alguns casos as reacções defensivas do nosso organismo podem ser contraproducentes para o mesmo, visto que a inflamação pode causar dano às células circundantes. Quando estas reacções inflamatórias e imunitárias acontecem em zonas mais profundas podem provocar destruição de osso alveolar e perda de suporte dentário.

 

SINAIS DA DOENÇA PERIODONTAL

Estes processos inflamatórios raramente causam dor intensa e portanto a maior parte dos doentes que apresentam doença periodontal não têm consciência desta.

Nos primeiros sinais e sintomas a gengiva torna-se mais avermelhada, por vezes ligeiramente inchada e sangrante, de forma expontânea ou com a escovagem (gengivite).

Quando as doenças periodontais evoluem para periodontite aparecem outros sintomas como:

  • retracção gengival, sensação que os dentes estão maiores
  • mobilidade dentária
  • separação dos dentes
  • aumento da sensibilidade dentária
  • sensação de ardência e dor das gengivas
  • mau hálito (halitose)
  • abcessos gengivas

 

EVOLUÇÃO DA DOENÇA PERIODONTAL

Em alguns casos de gengivite quando esta não é tratada pode evoluir para periodontite. Assim numa primeira fase os sinais são de inflamação gengival com vermelhidão e sangramento ao escovar ou espontaneamente, evoluindo posteriormente para destruição óssea, mobilidade dentária e separação dos dentes, podendo resultar na perda dos mesmos.

 

FACTORES POTENCIAIS DE RISCO DA DOENÇA PERIODONTAL

Trata-se de uma doença de causa infecciosa de origem bacteriana. É provocada por bactérias que todos nós temos na boca, em torno dos dentes e que se não eliminarmos correctamente ganham acesso ao espaço entre o dente e gengiva podendo colonizar estes espaço crescendo em número e provocando uma reacção inflamatória destrutiva que define estas doenças.

As bactérias por si só não são capazes de provocar os danos da doença, estas necessitam de um indivíduo susceptível (predisposição genética) e um meio ambiente adequado (factores como o tabaco e stress).

1) Hábito de fumar

Vários estudos demonstraram uma associação entre o hábito de fumar e a doença periodontal, devido aos efeitos potencialmente nefastos de substâncias relacionados com este, como a nicotina, monóxido de carbono e anidrido cianídrico. Estas substancias actuam como vasoconstritores com produção de isquemia (menor irrigação sanguínea) com redução da resposta inflamatória e de reparação vascular.

2) Diabetes

A associação da Diabetes a piores condições periodontais foi feita em diversos estudos. Artigos científicos mostraram 3 vezes mais probabilidade de sofrer perda de inserção e de osso alveolar nos diabéticos.

A diabetes prolongada ou a sua iniciação precoce, assim como um mau controlo metabólico podem levar a um maior risco de periodontite destrutiva. Comparativamente os pacientes com diabetes prolongada e mal controlados apresentam uma perda de inserção e de osso alveolar maior do que os diabéticos com um bom controlo metabólico.

3) Stress

O stress é apontado em vários artigos científicos como uma factor de risco da doença periodontal.

Ficou demonstrado uma ligação entre, stress, angustia, ansiedade, solidão e esta doença. Eventos negativos da vida e factores psicológicos podem contribuir para um aumento de susceptibilidade à doença periodontal.

4) Idade

Com o aumento da idade aumenta também a probabilidade de aparecimento desta doença.

5) Pacientes com SiDA ou Imunodeprimidos

Estas infecções periodontais também representar grave risco a pacientes imunodeprimidos (pacientes com defesas diminuídas), tal como ocorre em pacientes em tratamento de cancro, SIDA ou outras doenças que provocam imunosupressão.

 

DOENÇA PERIODONTAL COMO FATOR DE RISCO

A doença periodontal apresenta-se como um fator de risco para determinadas doenças crónicas tais como diabetes ou doenças do aparelho circulatório. Também está demostrada uma clara associação entre periodontite e o risco de enfarte do miocardio. Durante a gravidez verifica-se com maior frequência nados prematuros e com baixo peso.

Quando o paciente se encontra em bom estado de saúde geral, normalmente a periodontite afecta apenas a sua saúde oral, no entanto pode ter um efeito mais negativo e abrangente em caso de pacientes com doenças sistémicas.

 

MAIOR RISCO DE DOENÇA CARDÍACA CORONÁRIA (PERIODONTOLOGIA / CORAÇÃO)

Estudou-se o possível papel das infecções periodontais como factor de risco para outras doenças sistémicas. Vários estudos relacionaram uma associação entre a doença periodontal e doença cardíaca coronária. Demonstrou-se que a cardiopatia era uma doença comum em pacientes com periodontite, existindo portanto a evidencia que estas poderiam compartilhar uma via comum.

Actualmente encontraram-se germens causadores de doença periodontal nas placas de ateromas vascular, evidenciando que os indivíduos com infecções graves a nível dentário terão mais tendência a formar placas ateromatosas coronários e consequentemente maior risco de sofrer de cardiopatia isquémica.

As bactérias responsáveis pela doença periodontal poderão disseminar-se e provocar infecções à distância em outros orgãos, entre eles o coração.

 

FREQUÊNCIA DE OCORRÊNCIA DA DOENÇA

A gengivite é uma das doenças mais comuns e mais frequentes do ser humano, sendo muito frequente em todas as idades, aparece em cerca de 75% dos jovens entre os 20 e os 25 anos.

A periodontite é uma doença rara entre jovens e adolescentes . Mas a sua frequência aumenta com a idade cerca de 10% entre os 30 e 40 anos, 25 a 30% entre os 50 e 60 anos . Portanto é uma doença que aparece com frequência nos adultos e aumenta claramente com a idade.

 

QUANTO TEMPO É NECESSÁRIO PARA A EVOLUÇÃO DA DOENÇA

Existe uma grande variação entre indivíduos. Os pacientes com evolução rápida costumam ser os jovens e podem chegar à perda dos dentes em apenas 5 anos. Nos outros casos a evolução pode ser mais lenta, mas se não são sujeitos a tratamento também podem chegar à perda dos dentes.

 

GENGIVITE / PERIODONTITE NA MULHER

Em alguns períodos da vida da mulher, como a puberdade, gravidez e menopausa, esta sofre alterações hormonais que afetam diferentes partes do organismo.

A gengiva é um tecido sensível às alterações hormonais podendo em caso extremo levar à perda precoce dos dentes.

Na puberdade o aumento dos níveis hormonais femininos produz um aumento da circulação sanguínea na gengiva, favorecendo o inchaço e sangramento. À medida que a jovem vai crescendo esta tendência diminui, mas se não foram tomadas medidas de prevenção adequadas a gengiva poderá sofrer danos permanentes. A melhor forma de prevenção é o cuidado diário com os dentes, uma higiene oral eficaz com escovagem dentária e uso do fio dentário assim como visitas periódicas ao médico dentista.

A gengiva também sofre alterações durante a gravidez. As mulheres grávidas sofrem com mais frequência de gengivite a partir do segundo ou terceiro mês de gravidez. Também neste caso se traduz por algum inchaço, vermelhidão da gengiva e sangramento por acúmulo de placa bacteriana que poderá levar à perda óssea se o tratamento adequado não for administrado.

Foi também revelado em alguns estudos científicos que em mulheres grávidas com doença periodontal existe maior risco de nascimentos prematuros com baixo peso. Manutenção de uma boa saúde periodontal é a primeira aposta da futura mãe para ter um filho saudável.

Na menopausa os sintomas mais frequentes ao nível oral são a secura e irritação.

Em terapias de substituição hormonal como a toma de suplemento de progesterona, poderá aumentar a irritabilidade da gengiva e a tendência para inchaço vermelhidão e sangramento gengival .

Também após a menopausa existe a tendência para aparecer osteoporose, tendo sido esta relacionado com maior probabilidade de sofrer de doença periodontal. Mais uma razão para que a gengiva saudável deva ser uma prioridade para a mulher nesta fase da vida.

 

A PERIODONTITE PODE SER CURADA?

Sim.

O objectivo do tratamento é eliminar a infecção que provoca a doença, e destruição dos tecidos.

Uma vez controlada a infecção o processo destrutivo do osso é interrompido e desta forma podem-se conservar os dentes e manter os tecidos envolventes saudáveis.

Em algumas situações além do controlo da infecção é possível através de técnicas cirúrgicas de regeneração, recuperar parte dos tecidos periodontais perdidos, quer sejam gengivais ou ósseos.

 

QUAL A ABORDAGEM ACTUAL À DOENÇA PERIODONTAL

No passado encarava-se a perda de dentes das pessoas com “piorreia” como normal, principalmente se estivesse relacionada com pessoas de idade, e assumi-se que a doença não tinha tratamento ou cura, sem passar pela perda dos dentes.

Hoje em dia o ser humano prolongou muito a sua esperança de vida e melhorou significativamente a sua qualidade de vida. Um dos factores que influencia a qualidade de vida é a manutenção da dentição e da saúde oral.

A higiene oral, e uma boa manutenção da saúde oral com visitas regulares ao médico dentista, são factores fundamentais para evitar a doença periodontal.

Por outro lado vimos que existem vários factores que podem desencadear ou facilitar o aparecimento da doença. A susceptibilidade do hospedeiro é um factor primordial na evolução da doença. Um doente com maior susceptibilidade terá que ser alvo de um controlo mais frequente.

Um paciente com doença periodontal pode ser curado através das técnicas modernas de tratamento, no entanto nenhum clínico poderá assegurar bons resultados do tratamento, a não ser que o paciente assuma o seu papel importante na manutenção, evitando alguns dos factores de risco e fazendo controlos com mais frequência junto do seu médico dentista.

CORPO CLÍNICO

Dr. António Patrício
Dr. António PatrícioDiretor Clínico
Implantologia
Reabilitação Oral